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IMIGRAÇÃO EM GOIÁS: KARABETH NERCESSIAN

  IMIGRAÇÃO EM GOIÁS  (transcrito do Blog História e Genealogia - Sudeste de Goyaz)   Texto de autoria do Pe. Murah Rannier Peixoto Vaz É permitida a reprodução dos dados desde que sejam citadas a autoria e a fonte de pesquisa, salvaguardando-se não que sejam utilizados com fins comerciais sem prévia autorização.   As 1ªs décadas do Séc. XX foram intensas de imigração de estrangeiros para o Brasil e também para Goiás. A migração dos sírios e libaneses, iniciada ainda na época do Império, com incentivo de Dom Pedro II, foi intensificada no início de 1900 a 1915 por conta do domínio do Império Turco-Otomano em seus países e os conflitos existentes nesse período. Questão que os levou a serem chamados de turcos no Brasil, pois seus passaportes eram emitidos pelo Império Turco Otomano. Com a I Guerra Mundial (1914-1918) e mesmo no pós guerra, devido às dificuldades financeiras de seus países, imigrantes de muitas outras nacionalidades acabaram aportando nas terras goianas, vindos dos portos

A EDUCAÇÃO EM GOIÁS NA REPÚBLICA VELHA E NO LESTE GOIANO

Por José Aluísio Botelho Introdução “A educação embrandece peles duras, amacia mãos ásperas, dá graça e doçura a olhos de pouca luz. Almeida Garrett”. Nas primeiras décadas do século vinte, houve um esforço acentuado dos educadores goianos em promover a modernização educacional no estado, a partir da criação de escolas públicas voltadas para a alfabetização primária, cujo objetivo era a erradicação do analfabetismo num estado essencialmente rural, pobre e culturalmente atrasado. Naquele período havia uma carência quase na totalidade de professoras primárias, as normalistas, decorrente da falta de escolas que oferecesse vagas para alunos interessados em ingressar no magistério, principalmente as senhorinhas, e, assim, melhorar a qualidade do ensino de primeiras letras. Concomitante, era importante também, a instrução secundária, que por norma, funcionavam anexas a esses educandários de formação primária. A ideia era a criação de escolas nas diversas regiões do estado, notadamente, nas c

CONTENCIOSO DAS TERRAS DO RIBEIRÃO EMBIRA EM 1920

  Por José Aluísio Botelho Embora não termos tido acesso aos autos do processo de compra de terras devolutas segundo a “Lei de Terras” de 1897, foi possível elaborar, mediante informações disponíveis em jornais da época, este pequeno texto sobre o conflito possessório que dá nome ao título do artigo que ora disponibilizamos aos nossos leitores. Córrego ou Ribeirão Embira – Nasce ao sul da cidade, hoje já em área urbana, e corre no sentido sudeste até alcançar o rio São Marcos, na divisa com Minas Gerais. O conflito fundiário em questão se deu pela posse e propriedade de terras situadas na margem esquerda do referido curso d’água, como se vê no memorial descritivo apresentado por um dos requerentes. Em 12 de dezembro de 1919, o fazendeiro José Jacinto Botelho, proprietário da fazenda Arrojado e do retiro do Esbarrancado, requer a compra de terras devolutas no município e distrito da então vila de Cristalina, solicitando a demarcação e medição da área, localizadas às margens esquerd

SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DE CRISTALINA

  Por José Aluísio Botelho Cristalina na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) Desde a emancipação política, administrativa e territorial da cidade em 1917, Cristalina experimentou uma estagnação desenvolvimentista severa, com sua economia baseada na pecuária extensiva de pequeno porte com predominância do gado curraleiro, paupérrima na produção agrícola e no extrativismo mineral derivado do garimpo rudimentar do cristal-de-rocha, que alimentava os ricos compradores e exportadores do Rio de Janeiro. A pequenina cidade parou no tempo: não existia a presença do estado na promoção de uma educação satisfatória, com o ensino voltado somente para a educação de primeiras letras; serviço de saúde ausente; a falta de energia elétrica e saneamento básico imperava, e assim por diante. Todo esse marasmo persistiu até os anos quarenta do século passado, quando ventos e rumores de uma possível conflagração bélica na Europa começavam a chegar na longínqua Macondo goiana. Coincidência ou não, o preço

SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DE CRISTALINA

  Por José Aluísio Botelho CAPELA DE SÃO SEBASTIÃO DOS CRISTAIS  Em 1892, segundo cronista que visitou a região da Serra dos Cristais, então pertencente a comarca de Santa Luzia, Luziânia, a região era aprazível com um clima comparável ao de Nova Friburgo e Petrópolis no estado do Rio de Janeiro, e para acorriam inúmeras pessoas em busca de cura para seus males, principalmente respiratórios, como, por exemplo, a tuberculose. Em princípios daquele ano, diz o cronista, a localidade contava apenas 18 casas de morada, água em abundância e matas virgens, com a exploração de cristal apresentando boa produtividade. Ainda segundo o nosso cronista, existia na povoação, cinco negociantes de cristal e cerca de duzentos a trezentos garimpeiros por eles sustentados. Na ocasião, visitava o lugar o reverendo padre Zeferino de Abreu Rangel, pároco de Santa Luzia, que a pedido do povo, solicitou ao importante lavrador Manoel Borges um patrimônio a fim de fundar-se na Serra dos Crystaes uma capela sob a

SOBRENOMES ANTIGOS DE CRISTALINA

  Por José Aluísio Botelho A migração interna de Paracatu para a margem direita do rio São Marcos, correspondente a antiga província de Goiás, se dava principalmente, na região do São Pedro, pela Estrada Real de Goiás, bem como através do Porto de “Faustino Lemos”, localizado, grosso modo, na altura da foz do ribeirão São Firmino do lado goiano. Algumas famílias de Cristalina descende deste exímio canoeiro que viveu na primeira metade do século dezenove. Sobre ele: fruto da miscigenação do homem branco, negro e indígena, Faustino Lemos do Prado viveu na região ribeirinha do São Marcos. Seu trabalho para o sustento da família consistia em, diuturnamente, fazer a travessia dos transeuntes que desejavam passar de Minas para Goiás e vice-versa, utilizando suas canoas, surgindo, posteriormente, o porto de passagem que eternizou seu nome. Faustino Lemos do Prado foi casado com Balbina Severino Botelho, com descendência que certamente habitaram o lado goiano do rio São Marcos. A divisão da

FAZENDAS ANTIGAS DE CRISTALINA

  Por José Aluísio Botelho (publicado originalmente em 28/12/2022) Em 1920, Cristalina, em Goiás, situada no leste goiano, limítrofe com os municípios de Ipameri e Luziânia e na divisa de Minas Gerais, com Paracatu, era um jovem município instalado em 1918.   Na ocasião, o Diretoria-Geral de Estatísticas, criado em 1871 e embrião do nosso IBGE, organizou e realizou um censo geral no Brasil, e dentre os itens pesquisados estavam a catalogação dos estabelecimentos rurais e seus respectivos proprietários. Tudo foi feito de maneira simples, sem se ater as extensões das fazendas, assim como não se pesquisou sobre as principais atividades nelas desenvolvidas. No caso específico de Cristalina, evidencia-se que o número de propriedades era pequeno se comparado com a extensão da comarca, o que sinaliza serem elas, na maioria, grandes latifúndios. Foram listados 110 fazendeiros, sendo que um bom número aparecem como condôminos, ou seja, donos de partes em fazendas ainda indivisas. Muitos destes