IMIGRAÇÃO EM GOIÁS
(transcrito do Blog História e Genealogia - Sudeste de Goyaz)
Texto de autoria do Pe. Murah Rannier Peixoto Vaz
É permitida a reprodução dos dados desde que sejam citadas a autoria e a fonte de pesquisa, salvaguardando-se não que sejam utilizados com fins comerciais sem prévia autorização.
As 1ªs décadas do Séc. XX foram intensas de imigração de estrangeiros para o Brasil e também para Goiás. A migração dos sírios e libaneses, iniciada ainda na época do Império, com incentivo de Dom Pedro II, foi intensificada no início de 1900 a 1915 por conta do domínio do Império Turco-Otomano em seus países e os conflitos existentes nesse período. Questão que os levou a serem chamados de turcos no Brasil, pois seus passaportes eram emitidos pelo Império Turco Otomano.
Com a I Guerra Mundial (1914-1918) e mesmo no pós guerra, devido às dificuldades financeiras de seus países, imigrantes de muitas outras nacionalidades acabaram aportando nas terras goianas, vindos dos portos paulistas e de outros portos, via trem até Goiás. Assim, alemães, russos, espanhóis, italianos, poloneses, entre outros, acabam tomando essa via.
A partir de 24/04/1915, a Armênia passou pelo chamado "genocídio armênio", onde o Império Turco Otomano, que também dominava o território armênio, exterminou sistematicamente entre 800 mil e 1,8 milhões de pessoas, dizimando grande parcela de armênios, sobretudo cristãos. Toda essa perseguição os levou à uma dispersão e imigração. No Brasil, Fortaleza concentrou boa parcela dos imigrantes armênios.
Na década de 30, um armênio, chamado Karabeth Nercessian, ao que consta, órfão dos pais por ocasião do "genocídio armênio" e criado em um orfanato, migraria de sua terra natal para não passar pelo mesmo destino trágico que sua população vinha enfrentando e vem aportar no Brasil em busca de melhores condições de vida. Algum tempo depois de sua chegada, se desloca para Goiás, onde foi residir na cidade de Cristalina-GO. Segundo José Aluísio Botelho, escritor, pesquisador e genealogista, sua vinda para Cristalina se deu por influência e convite de José Adamian, comerciante do ramo de diamantes e cristais de rocha que prosperou em seus negócios e que havia sido o primeiro prefeito do município, de 1930-1935.
Devido a uma lei, criada durante o período da II Guerra Mundial, que exigia o registro dos estrangeiros no país, Karabeth se deslocou até à cidade de Ipameri-GO para se registrar na delegacia de Polícia de lá. Em seu registro, datado de 09/02/1940, consta que era solteiro, com 27 anos, residente em Cristalina, e estava no país há 9 anos, vindo pelo Vapor Almazon que desembarcou no Recife em 16/12/1930. José Aluísio Botelho, aponta alguns dados a mais sobre Karabeth, o qual:
nasceu aos 02/09/1912 em Diar-Behi, freguesia de Armones, Armênia, filho legítimo de Estevão Nercessian e de Sônia Nercessian (aportuguesados) e batizado no rito ortodoxo. Entregue pelos pais em orfanato para protege-lo dos Turcos. Casou-se em 12/08/1943 em Jacarecanga, Fortaleza, Ceará, com Luiza de Souza Lima de 24 anos, natural de Varzea Alegre, Ceará, filha de Vicente de Sousa Lima e de Ambrozina de Sousa Lima.
Como se vê, tempos depois de se estabelecer em Cristalina, mantendo contatos e possível trânsito com pessoas de Fortaleza, se casaria com uma mulher daquela localidade, chamada Luiza de Souza Lima, e a traria também para a cidade de Cristalina. De seu casamento, entre 7 filhos está o ator Stepan Nercessian, nascido em Cristalina em 02/12/1953.
A chegada desse e vários outros imigrantes, veio enriquecer culturalmente nosso Estado de Goiás, com suas influências alimentares, culturais, arquitetônicas, econômicas, fabris e industriais.
FONTE: Foto do Livro I de Registros de Estrangeiros da Delegacia de Polícia de Ipameri, 1939-1940, p. 117. Atualmente arquivado no Arquivo Histórico do Museu Municipal Adolvando Carlos de Alarcão, em Ipameri-GO.
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