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SOBRENOMES ANTIGOS DE CRISTALINA

 

Por José Aluísio Botelho

A migração interna de Paracatu para a margem direita do rio São Marcos, correspondente a antiga província de Goiás, se dava principalmente, na região do São Pedro, pela Estrada Real de Goiás, bem como através do Porto de “Faustino Lemos”, localizado, grosso modo, na altura da foz do ribeirão São Firmino do lado goiano. Algumas famílias de Cristalina descendem deste exímio canoeiro que viveu na primeira metade do século dezenove.

Faustino Lemos do Prado viveu na região ribeirinha do rio São Marcos. Seu trabalho para o sustento da família consistia em, diuturnamente, fazer a travessia dos transeuntes que desejavam fazer a travessia de Minas para Goiás e vice-versa, utilizando suas canoas, surgindo, posteriormente, o porto de passagem que eternizou seu nome.

Faustino Lemos do Prado foi casado com Balbina Severino Botelho, com descendência que certamente habitaram o lado goiano do rio São Marcos.

A divisão das fazendas unidas – São José da Soledade, Brejão e Cristal –, localizadas na região do rio São Marcos, divisa com Paracatu, em Minas Gerais, no ano de 1913, nos permite dizer que os mais de 50 cinquenta condôminos que lá habitavam, foram troncos de inúmeras famílias de Cristalina atualmente.

No edital expedito em 20/05/1913 pelo juízo de Santa Luzia (Luziânia), a quem estava subordinado o distrito de São Sebastião dos Cristais, reza que Joaquim Severino Botelho e seu genro Teodoro Gonçalves de Mattos “senhores e possuidores de diversas partes de terras em comum nas sobreditas fazendas unidas – São José da Soledade, Brejão e Crystal –, sitas no bairro do rio São Marcos, deste distrito de São Sebastião dos Crystaes, termo de Santa Luzia, havidas por herança e compras a diverso, requerem a divisão das ditas fazendas, por não lhes convir mais a comunhão em que se acham. A referida fazenda São José acha-se situada a margem direita do rio São Marcos, entre os ribeirões Crystal e São Firmino e as outras duas – Crystal e Brejão – são anexas e tem suas divisas precisas e claras”. A petição foi formulada pelo rábula José Goiás Brasil.

Parece que no decorrer do processo de divisão, os peticionários desistiram do mesmo, por não conseguirem provar documentalmente a propriedade alegada sobre as glebas de terras que diziam possuidores. Mesmo assim, o documento nos permite resgatar nomes de pessoas pioneiras na região que forjaram um núcleo rural povoador naquela região são marqueira, que evoluíram para pequenas propriedades a medida que ocorriam as subdivisões das terras nos inventários subsequentes.

Relacionamos os sobrenomes encontrados no documento (1913):

Gonçalves de Mattos

José Gonçalves de Mattos, Arlindo Gonçalves de Mattos, Antônio Gonçalves de Mattos, Marçal Gonçalves de Mattos (herdeiros), Vicente Gonçalves de Mattos (herdeiros), Carolina Gonçalves de Mattos.

Jardim

Henrique da Veiga Jardim Júnior.

Jorge dos Santos

Inácio Jorge dos Santos.

Lemos do Prado

Caetano Lemos do Prado, Manoel Lemos do Prado (Neco), Francisco Lemos do Prado, Bertoldo Lemos do Prado, Herdeiros de Pedro Lemos do Prado, Manoel Lemos do Prado (outro), Luís Lemos do Prado, Deodato Lemos do Prado, Salvina Lemos do Prado, Ana Lemos do Prado.

Moreira da Silva

Ricardo Moreira da Silva, Manoel Moreira da Silva, Gregório Moreira da Silva (herdeiros).

Almeida e Silva

Osório de Almeida e Silva.

Pereira da Silva

José Pereira da Silva, Mário Pereira da Silva, Gregório Pereira da Silva, Teófilo Pereira da Silva, Ataliba Pereira da Silva, Bernardina Pereira da Silva, Vicente Pereira da Silva, Antônio Pereira da Silva, Carlota Pereira da Silva, Deolinda Pereira da Silva, Manoel da Silva Pereira, Marcos da Silva Pereira.

Peixoto dos Santos

José Peixoto dos Santos (herdeiros).

Ribeiro

Antônio Ribeiro. Paracatuense, foi subpromotor público em Cristalina na década de 1920; pai do jornalista, escritor e professor universitário Ribeiro Júnior.

Santos Abadia

Delfino dos Santos Abadia, Benedito dos Santos Abadia, Bernardino dos Santos Abadia, Benedito dos Santos Abadia Sobrinho.

Severino Botelho

Domingas Severino Botelho, Delfina Severino Botelho (herdeiros).

Nota: são citados ainda, Manoel da Silva Neiva, Pedro da Silva Neiva, João Clímaco Cordeiro, João de Pinho Costa, herdeiros de José Joaquim de Faria Lopes e de Fortunato Jacinto da Silva Botelho, todos residentes em Paracatu, Minas Gerais.

Fonte:

1 A Raposa da Chapada – http://araposadachapada.blogspot.com/

2 Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional;

3 Arquivo do autor.

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